Em 20 de outubro de 2024, o mundo da engenharia aeroespacial foi surpreendido por um feito histórico: o Aftershock II, foguete desenvolvido por estudantes da University of Southern California (USC), atingiu um apogeu de impressionantes 143 quilômetros (470.000 pés), ultrapassando a famosa linha de Kármán, que marca oficialmente o início do espaço (100 km). Esse marco estabeleceu um novo recorde mundial para foguetes amadores. O segredo para esse feito foi o resultado de uma combinação de engenharia de ponta, testes rigorosos e escolhas muito inteligentes, as quais serão listadas a seguir.

Propulsão: Força de um Motor Sólido

O Aftershock II foi impulsionado por um motor sólido personalizado, o GEM8-R4000, com um impulso total de 229.212 N·s e empuxo máximo de 18.771 N. O propelente utilizado foi APCP (propelente composto de perclorato de amônio), cuidadosamente preparado e fundido pela própria equipe do USC Rocket Propulsion Lab (USCRPL). Essa configuração garantiu uma queima limpa, poderosa e confiável, fundamental para atingir altitudes orbitais.

Design Leve e Aerodinâmico

O foguete tinha cerca de 4 metros de comprimento e pesava aproximadamente 150 kg, com uma estrutura construída em fibra de carbono e epóxi. O formato de diâmetro mínimo reduziu significativamente o arrasto aerodinâmico, maximizando a eficiência durante a subida. Cada componente foi otimizado para leveza e resistência — um verdadeiro exemplo de engenharia de precisão.

Aviônica Avançada: Controle Total no Espaço

Um dos grandes diferenciais do Aftershock II foi o sistema de aviônica desenvolvido internamente, conhecido como HAMSTER. Ele incluía:
Receptor GNSS personalizado

  • Transponder de distância baseado em rádio
  • Placa de sensores para medir aceleração, pressão e temperatura
  • Telemetria em tempo real

Esses sistemas permitiram não apenas a coleta de dados durante o voo, mas também o rastreamento preciso do apogeu e o acionamento seguro dos sistemas de recuperação.

Lançamento em Condições Ideais

O local escolhido foi o Deserto de Black Rock, Nevada, uma região amplamente utilizada para testes aeroespaciais devido às suas condições estáveis e espaço aéreo controlado. O lançamento foi realizado em um dia com ventos mínimos e atmosfera estável — fatores essenciais para alcançar altitude máxima sem interferências.

Recuperação e Análise Pós-Voo

Após cruzar a linha de Kármán e atingir seu apogeu, o Aftershock II iniciou sua descida com sucesso graças a um sistema de recuperação por paraquedas ejetado à base de CO₂, que desacelerou o foguete a cerca de 20 m/s antes da aterrissagem. A recuperação íntegra do veículo permitiu a análise de todos os dados e a confirmação do recorde.

Um Novo Capítulo na Exploração Espacial Amadora

O Aftershock II representa mais do que um recorde: é uma demonstração do poder da engenharia colaborativa, da pesquisa universitária e da paixão pela exploração espacial. Este feito mostra que a barreira do espaço não pertence apenas às grandes agências — ela pode ser rompida também por engenheiros em formação, movidos pela curiosidade e dedicação.

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